A Mercadona e a McDonald’s serão dois dos inquilinos das antigas instalações da gigante Arco Têxteis, em Santo Tirso, que ocupam cerca de 10 hectares e foram adquiridos, por 4,5 milhões de euros, pela Rota Própria, que reúne quatro empresas de Guimarães e uma do Porto.
Fundada em fevereiro de 1923, foi uma das maiores e mais importantes indústrias têxteis do Vale do Ave. Exportava a esmagadora maioria da sua produção, tendo chegado a empregar 1.500 pessoas.
Sem conseguir dar a volta à concorrência do mercado asiático, à abertura do mercado único aos países do Leste europeu, e, finalmente, à crise financeira iniciada em 2008, viria a falir em março de 2015, soterrada em dívidas de 32 milhões de euros, mandando para o desemprego 288 pessoas.
O seu ativo mais valioso, o espaço de cerca de 10 hectares que ocupa no centro de Santo Tirso, acabaria por ser adquirido, por 4,5 milhões de euros, por uma sociedade chamada Rota Própria.
Uma sociedade que reúne quatro empresas de Guimarães - a Garcia e Garcia, a Alfredo & Carlos, a Imoaresta e a Zafgest, e a portuense Gumaal. "Temos participações iguais (20% cada) e damo-nos todos muito bem", garantiu, ao Negócios, Miguel Garcia, administrador da construtora Garcia Garcia.
O objetivo da Rota Própria para a antiga Arco Têxteis, que tem uma dimensão bruta de 100 mil metros quadrados, com 50 mil de área coberta, passa pela reconversão deste antigo espaço industrial numa nova centralidade na cidade de Santo Tirso, com valências essencialmente dedicadas a comércio e serviços, habitação e equipamentos.
A empresa prevê que, no total, o investimento dos diferentes agentes privados que ali se fixarão ascenderá a 40 milhões de euros e criará mais de 500 postos de trabalho.
Incluindo as obras de infraestruturação e urbanização do espaço, o investimento da Rota Própria está estimado em 7,5 milhões de euros.
A primeira fase do projeto de reconversão do espaço, que visa a recuperação de cerca de 20 mil metros quadrados do terreno e a criação de acessibilidades, deverá terminar no final do próximo ano.
Focada na comercialização dos lotes criados, a Rota Própria já vendeu dois deles a multinacionais - à espanhola Mercadona, que irá aí construir um supermercado e criar 85 empregos, e à McDonald’s, que terá aqui mais um restaurante em Portugal. Estes dois novos espaços têm abertura prevista para abril do próximo ano.
"Pela localização privilegiada, no centro da cidade de Santo Tirso, junto à Central de Transportes e na proximidade do rio Sanguinhedo, esperamos que esta área se torne uma âncora do desenvolvimento do comércio local e de novos negócios", afirmou, ao Negócios, o presidente da Câmara de Santo Tirso, Alberto Costa, que fez esta segunda-feira, 16 de dezembro, uma visita às obras de reconversão da antiga Arco Têxteis.
A autarquia reconheceu este investimento como "Projeto de Interesse Municipal", estatuto que permite à empresa beneficiar de acompanhamento prioritário do processo e redução em taxas e licenças municipais.
Além disso, "consciente da nova centralidade e dinamização económica que este projeto irá trazer à cidade", como defende Alberto Costa, a autarquia estabeleceu um contrato de urbanização com a entidade promotora.
"Ao todo, quer na conceção de benefícios fiscais, quer no âmbito do contrato de urbanização, o investimento da Câmara de Santo Tirso ultrapassou os 300 mil euros", revelou o autarca.
"O contrato de urbanização com a empresa visa a requalificação de um troço da Rua Comendador António Maria Lopes, localizado entre a rotunda de acesso às novas instalações e as Ruas do Arco e da Misericórdia", detalhou Alberto Costa.
"Trata-se de um importante investimento, em linha com a estratégica que temos definida desde 2013 e que passa pela transformação e requalificação de fábricas devolutas no município", sublinhou Alberto Costa, lembrando os casos da antiga Fábrica do Rio Vizela ou da Fiatece, antigas unidades fabris que também estão a ser recuperadas.
Fonte: Jornal de Negócios