O que tem a Maia a ver com a Alemanha?


Prémio para o município com mais crescimento coube à autarquia do Norte. O país estrangeiro voltou a ser entregue aos alemães.

Foram ambos os vencedores dos Prémios Expresso Economia Caixa Geral de Depósitos pelo contributo que as suas empresas estão a dar ao crescimento da economia portuguesa. O Prémio Município foi entregue ao presidente da Câmara Municipal da Maia, António Domingos da Silva Tiago. Já o Prémio País distinguiu mais uma vez a Alemanha, tendo sido recebido pelo embaixador alemão Martin Ney.

Esta é a segunda edição dos Prémios Expresso Economia Caixa Geral de Depósitos, um projeto que conta com o apoio do conhecimento do tecido empresarial português da Informa D&B e da auditora Deloitte para apurar os vencedores.

Prémio município
Segundo a Informa D&B, as mil maiores empresas do país estão dispersadas por 133 diferentes municípios, dos quais 23 têm pelo menos uma dezena de empresas neste ranking. Foi entre estes 23 municípios que se apurou o vencedor, usando, como indicadores, a variação absoluta do número de empresas, do volume de negócios, do número de empregados e das exportações das empresas com sede no município, no ranking da edição de 2019 e da edição de 2018.

O maior contributo para o crescimento sustentado do país veio então das empresas da Maia. Só este município soma 32 empresas entre as 1000 maiores do país, que respondem por 16 mil empregados, €989 milhões de exportações e €3,1 mil milhões de volume de negócios.

Entre as maiores empresas sediadas no município da Maia, destacam-se a OCP Portugal — produtos farmacêuticos (com um volume de negócios de €522 milhões), a RGVS Ibérica — sociedade ibérica de produção de artigos de desporto (€270 milhões), a Rádio Popular — eletrodomésticos (€185 milhões), a sociedade comercial C. Santos (€157 milhões) ou a Efacec —engenharia e sistemas (€144 milhões).

No evento de atribuição dos prémios o presidente da Câmara Municipal da Maia descreveu as condições que o concelho oferece para receber investimento de “elevada qualidade”, a começar pela mão de obra qualificada. “A Maia é diferente. Tem a Universidade do Minho perto, a Universidade do Porto ali ao lado e a Universidade de Aveiro também não está longe. É um espaço geográfico de excelência para o qual nós cativamos, há imenso tempo, empresas de alto valor acrescentado”, disse António Domingos.

“Somos o primeiro município da região Norte em maior índice de empresas de alta e média tecnologia. Somos o primeiro exportador da área metropolitana do Porto, o segundo do Norte e o quarto do país”, constatou o presidente da Câmara. Este também atribuiu o sucesso da Maia à “estabilidade política” existente naquele concelho há perto de 40 anos. E concluiu sobre a relevância deste galardão: “Este ano faz 500 anos que nos foi entregue o foral manuelino e este prémio é uma belíssima prenda de Natal.”

Prémio país
O capital estrangeiro tem sido decisivo para o dinamismo dos investimentos empresariais em Portugal e para a abertura de novos mercados além-fronteiras.

Entre as mil maiores empresas do país, 44% das empresas têm controlo de capital estrangeiro originário de 38 países diferentes.

Mas só oito destes países detêm, pelo menos, uma dezena de empresas entre as 1000 maiores de Portugal. O vencedor deste prémio foi então apurado entre estes oito países. E os indicadores usados foram, mais uma vez, a variação absoluta do número de empresas, do volume de negócios, de empregados e das vendas e prestação de serviços ao mercado externo entre o ranking da edição de 2019 e da edição de 2018.

A Alemanha voltou a bater rivais como a França ou a Espanha e a conquistar o prémio para o país estrangeiro que mais contribuiu para o crescimento sustentado através das suas empresas. A Alemanha soma 65 empresas entre as 1000 maiores de Portugal, que respondem por 38 mil empregados, €6,6 mil milhões de exportações e €12,9 mil milhões de volume de negócios.

Entre as maiores empresas alemãs em Portugal contam-se a Volkswagen Autoeuropa (com um volume de negócios de €3247 milhões), a Bosch Car Multimedia Portugal (€1131 milhões), a Continental Mabor — Indústria de Pneus (€878 milhões), a Mercedes-Benz Portugal (€697 milhões) e a BMW Portugal (€559 milhões).

No total, o embaixador da Alemanha estima que estarão instaladas em Portugal cerca de 400 empresas que representam 50 mil postos de trabalho.

Para Martin Ney o segredo está na antiguidade da ligação entre os dois países: “A Bosch está aqui desde 1911 e a Siemens desde 1905”, lembrou no evento de atribuição dos Prémios Expresso Economia Caixa Geral de Depósitos. Por outras palavras, os investidores alemães não estão a investir “a partir do zero”, mas na expansão e modernização das unidades produtivas já instaladas no país com base num conhecimento aprofundado da realidade portuguesa.

“As empresas alemãs tendem a ficar em vez de procurar o lucro rápido. Procuram condições de investimento de longo prazo e essas condições são positivas em Portugal”, acrescentou o embaixador alemão destacando trunfos como as infraestruturas, a mão de obra qualificada, a segurança ou a qualidade de vida.
Martin Ney chamou ainda a atenção para a nova dimensão da Web Summit e da nova vaga de investimento alemão em hub digitais em território nacional: “Portugal conseguiu sair da crise financeira de forma notável, reinventando-se como país através da digitalização.”

METODOLOGIA DO PAÍS E DO MUNICÍPIO
De acordo com a Informa D&B, o município vencedor foi selecionado entre o universo de 23 municípios que têm, pelo menos, dez das mil maiores empresas de Portugal, tendo sido o prémio atribuído àquele que somou mais pontos nos seguintes indicadores: crescimento do número de empresas, crescimento do volume de negócios, crescimento do emprego e crescimento das exportações face ao ano anterior. Já o país vencedor foi selecionado entre o universo de oito países que controlam pelo menos dez das mil maiores empresas de Portugal, tendo também sido atribuído àquele que somou mais pontos nos indicadores de crescimento do número de empresas, volume de negócios, emprego e exportações.



Fonte: Expresso