Porto de ponta maior na impressão 3D metálica


O primeiro robô de tecnologia de impressão 3D metálica de alto rendimento e grandes dimensões em Portugal está instalado no portuense INEGI e tem uma empresa da Sonae Capital a liderar o projeto, cujo orçamento ronda os 9,8 milhões de euros.

É a Indústria 4.0 em movimento. Com o equipamento de fabrico aditivo e as impressoras 3D a tentarem reforçar a sua aplicabilidade, numa dinâmica transversal a todas as atividades transformadoras, a tecnologia DED (Deposição Direta de Energia, em português) surge na dianteira do futuro no presente.

Trata-se de uma tipologia de impressão 3D ou fabrico aditivo metálico, que tem vindo a mostrar-se de elevado valor acrescentado para a indústria, particularmente nos setores da aeronáutica, espaço, energia e moldes.

"Elevada cadência produtiva, capacidade de produção de peças complexas de grande dimensão e combinação de diversos materiais são alguns dos fatores que distinguem esta tecnologia de alto rendimento", afiança o INEGI (Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial), cuja célula laboratorial "é a primeira no país e inclui o robô, bem como o seu sistema de monitorização enquadrado nas lógicas da Indústria 4.0", enfatiza, em comunicado.

Isto é, explica o INEGI, com a ajuda de sensores é possível recolher dados, em tempo real, relacionados com a temperatura ou a deposição de pó metálico, por exemplo, que em contexto industrial podem ajudar a otimizar os processos de produção.

"Existem casos de estudo que reportam benefícios na redução de custos na ordem dos 30%, para pequenas séries, e dos 50% na redução de prazos de desenvolvimento e produção. São indicadores muito expressivos, que demonstram o potencial desta tecnologia para as empresas", afirma Luís Oliveira, especialista em fabrico aditivo do INEGI.

O trabalho que está a ser desenvolvido no INEGI surge no âmbito do projeto mobilizador Add.Additive - add additive manufacturing to portuguese industry, que é liderado pela metalomecânica Adira, empresa da Sonae Capital, juntamente com 24 entidades entre empresas e instituições do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, tendo o INEGI a responsabilidade de investigar a tecnologia de fabrico aditivo metálico que tem agora nas suas instalações.

O consórcio responsável pelo projeto Add.Additive conta com um orçamento de cerca de 9,8 milhões de euros - financiado pelo programa de fundos comunitários Portugal 2020 -, para investigar, inovar e desenvolver o fabrico aditivo na indústria portuguesa em materiais metálicos, cerâmicos e cimentícios, poliméricos, bem como metodologias e sistemas digitais, que respondam aos desafios económicos, sociais e ambientais.

"A tecnologia que estamos a desenvolver baseia-se na deposição direta de energia, mas inclui também outros estágios, tais como o pós-processamento para acabamento (por via subtrativa) e controlo dimensional, com elevado grau de precisão e qualidade. É neste extra que reside o principal elemento diferenciador", sublinha Luís Oliveira.

O INEGI ressalva que o acabamento superficial é uma das principais desvantagens da tecnologia em estudo, pelo que está também a desenvolver um processo híbrido que combina fabrico aditivo e subtrativo, para permitir um acabamento superficial avançado na produção, identificando como beneficiários diretos dos resultados alcançados por este projeto setores como os de arquitetura e construção, aeroespacial, defesa e segurança, bens de consumo, saúde e biofrabricação, eletrónica ou transportes.

 

Fonte: Jornal de Negócios