O EY Attractiveness Survey Portugal 2021 revela que 37% dos inquiridos planeia investir em Portugal ou expandir a atividade que já tem e metade considera que a atratividade do país vai aumentar.
O ano foi de pandemia, mas Portugal conseguiu entrar no Top 10 das economias europeias mais atrativas para o investimento estrangeiro. Esta é uma das conclusões do EY Attractiveness Survey Portugal 2021 que avalia todos os anos a perceção dos investidores estrangeiros sobre o quão atrativo o país a este nível. A Covid-19 traduziu-se numa quebra no número de investimentos angariados (menos quatro do que no ano anterior), mas as perspetivas futuras são positivas já que 37% dos inquiridos planeia criar ou expandir as suas operações em Portugal.
França continua a ser a economia europeia mais atrativa para o investimento estrangeiro, seguida do Reino Unido, Alemanha e Espanha que se mantiveram nas mesmas posições face a 2019, mas todos com uma quebra no número de novos projetos. A pandemia traduziu numa quebra de 13% nos projetos de IDE na Europa – Espanha foi a mais afetada (-27%), mas em Portugal a quebra foi de 3%. Turquia e Polónia foram os países no Top 10 que aumentaram os investimentos recebidos (18% e 10%, respetivamente).
Dos 154 projetos de IDE que Portugal atraiu em 2020, 113 foram novos e os restantes 41 (27%) representam uma expansão dos projetos já existentes. Estes investimentos traduziram-se na criação de mais de 8.900 postos de trabalho, sendo 57% associados aos novos projetos.
A maior parte (68 projetos) foi para a região de Lisboa, 55 para o Norte e 24 para o centro. Os Açores captaram um, o Algarve dois e o Alentejo quatro. Em termos de setores, a indústria transformadora continua a liderar com 24% dos projetos, sobretudo ao nível da indústria automóvel. Mas esta foi também a atividade que registou a maior quebra face ao ano anterior – 37 projetos em 2020 contra 60 em 2019.
A investigação e desenvolvimento (I&D) surge em segundo lugar com 33 projetos de IDE, sobretudo relacionados com investimentos em serviços de IT e digitais. Esta é “a” atividade crescente, diz o relatório, que dá como exemplos o estabelecimento da Microsoft em Lisboa, ou o investimento da Altice Labs nos Açores integrado no plano de recuperação económica da Ilha Terceira. O aumento dos investimentos em I&D é uma tendência que se tem vindo a acentuar desde 2018 — 12% em 2018, 17% em 2019 e 21% em 2020.
A indústria transformadora, a I&D e os centros de serviços partilhados (área que captou 33 projetos de IDE) são “os motores do futuro”, diz o estudo, já que mais de metade (62%) dos inquiridos que planeia investir em Portugal, ou expandir a atividade que já tem no país, o pretendem fazer nestas áreas.
O estudo revela ainda que 70% dos investidores foram europeus e 30% do resto do mundo, uma tendência que está alinhada com os últimos anos. Mas, os Estados Unidos foram o país responsável pelo maior número de projetos (25), seguidos de Espanha com 23 e França com 22. Alemanha e Reino Unido responderam por 16 e 13 investimentos, respetivamente, mas a Bélgica com quatro projetos duplicou o desempenho de 2019.
A atratividade de Portugal continua a residir em fatores como a qualidade de vida; clima de estabilidade social; fiabilidade e cobertura das infraestruturas de transportes, telecomunicações, energia; mas também na disponibilidade e qualificações da mão de obras. Mas os autores do estudo alertam que o país não pode continuar a confiar apenas nestes ativos mais tradicionais. “Inovação, transparência e qualificações devem ser os motores de uma estratégia de longo prazo, mas os investidores estão a começar a demonstrar alguma preocupação se Portugal está consistentemente estas áreas”, alertam os autores do estudo.
“É, por isso, importante que as políticas públicas nacionais se foquem na melhoria da eficiência da Administração Pública, agilidade do sistema judicial, o contínuo desenvolvimento de talento e a aposta na inovação e apoio ao empreendedorismo”, acrescentam, sublinhando que isto pode ser conseguido com a “parceria certa entre os setores público e privado”.
O estudo revela que existem razões para otimismo porque 37% dos inquiridos planeia investir em Portugal ou expandir a atividade que já tem no país e metade considera que a atratividade do país vai aumentar. Além disso, 90% estão confiantes que o impacto da pandemia na atratividade do país não vai durar mais de três anos.
Fonte: eco.sapo.pt